Não me envergonho do evangelho (Romanos 1.16)
Antes de considerar a ousadia de Paulo ao pregar o evangelho, precisamos entender algo do evangelho que ele pregava. É um bom princípio de comunicação definir os termos antes de qualquer debate ou discussão adequados. Isso limpa o campo e permite que as pessoas envolvidas saibam a posição do outro e o que querem dizer quando falam. Evangélicos hoje em dia definem termos teológicos de forma tão vasta que já não podemos assumir que estão falando a mesma coisa que nós, embora usem os mesmos termos. Isso é especialmente verdade com relação ao evangelho.
A primeira coisa a considerar em nosso texto é o artigo definido do. Paulo não tinha um evangelho que lhe era particular. Seu evangelho não era um evangelho paulino em oposição a um evangelho petrino ou joanino.[1] Apesar de algo da personalidade desses apóstolos brilhar através de suas apresentações, o evangelho que compartilharam era o mesmo. Eles nada sabiam do linguajar frequente de nossos dias que fala de diferentes variações, versão ou sabores do evangelho como se pudesse existir mais de um.[2]
Segundo, Paulo não tinha um evangelho que era peculiar para certa cultura. Ele não pregou uma variação aos judeus e outra para os gentios. Embora estivesse ciente das diferenças culturais e utilizando vias de acessos próprias de cada cultura, seu evangelho não era adaptado para se ajustar a uma cultura ou ser menos ofensiva a ela. De fato, a própria ofensividade do evangelho tanto para judeus como para gregos era precisamente o que colocava sua vida em constante perigo. É duvidoso que o apóstolo Paulo compreenderia a enorme preocupação do evangelicalismo contemporâneo em compreender minuciosamente uma cultura específica e adaptar sua mensagem e metodologia a ela. Paulo entendia que, em última instância, todas as pessoas de todas as culturas sofre do mesmo mal, e só uma mensagem tem poder para salvá-las.
Finalmente, Paulo não tinha um evangelho que fosse particular a uma única época da história do mundo. Sem dúvida, houve mudanças significativas no Império Romano a cada década que passava durante a vida de Paulo, mesmo assim ele pregou o mesmo evangelho em sua morte que ele pregou, décadas atrás, no começo do seu ministério apostólico. Sem dúvida, ele ficaria surpreso com a convicção do cristianismo contemporâneo de que cada década que passa traz uma nova geração que requer uma nova apresentação ou adaptação do evangelho.
[1] As palavras petrino e joanino se referem ao evangelho pregado por Pedro e João respectivamente.
[2] As diferentes opiniões sobre o evangelho são normalmente categorizados como diferentes variações da mesma verdade ou como chegar a mesma verdade sob diferentes ângulos ou mesmo como enfatizando diferentes aspectos da mesma verdade. Isso falha em reconhecer que as diferentes “variações” são muitas vezes evangelhos completamente diferentes. O evangelho reformado é completamente diferente do evangelho católico romano, um evangelho baseado na fé está em direta contradições a um evangelho baseado nas obras; um evangelho verdadeiramente evangélico está em contradição com o evangelho neopentecostal.
Extraído do livro 6º capítulo do livro “O Poder e a Mensagem do Evangelho” de Paul Washer, a ser lançado pela Editora Fiel. Tivemos a oportunidade de traduzi-lo e o privilégio de poder compartilhar pequenos trechos de cada capítulo com vocês.Tradução: Vinícius Musselman Pimentel. Versão não revisada ou editada. Postado com permissão.© Editora Fiel. Todos os direitos reservados. Original: Um Evangelho de Primeira Importância (Paul Washer) [6/26]Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
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