O pentecostalismo clássico, também conhecido como “a primeira onda pentecostal”, surgiu em 1910 com o estabelecimento das igrejas Congregação Cristã no Brasil e Assembleia de Deus. Seu período abrangeu entre 1910 a 1950. Durante esse período o movimento teve uma expansão significativa pelo território brasileiro. Após 1950, houve uma fragmentação do movimento, passando a surgir outros grupos com expressões e manifestações diversificadas. A seguir traremos um breve conceito sobre o termo pentecostalismo clássico e seu surgimento.
Entendendo o Pentecostalismo Clássico
O pentecostalismo clássico surgiu no Brasil em 1910 com a chegada dos primeiros missionários pentecostais. Nesse ano foi fundada, por um imigrante ítalo-americano chamado Luigi Francescon, a primeira igreja pentecostal conhecida como a Congregação Cristã do Brasil. Nesse mesmo período, chegariam dois missionários suecos-americanos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, que em 1911 fundariam a maior representante do Pentecostalismo Clássico” do mundo, a Igreja Assembleia de Deus no Brasil.
Os pentecostais clássico creem e enfatizam o “batismo no Espírito Santo, uma experiência pós-conversão, com a evidência inicial do falar em línguas (glossolalia) desconhecidas do falante. Esse ensino é baseado em Atos 2, 10 e 19, e estão implícitas em Atos 8 e 9, quando o Espírito foi derramado na Igreja Primitiva. Os pentecostais acreditam que Deus, por meio do Espírito Santo, em nome de Cristo, continua agindo hoje da mesma maneira que agia na igreja primitiva, curando os enfermos, expulsando demônios e operando sinais e maravilhas (ARAÚJO, 2007).
As raízes históricas do pentecostalismo foram fortemente influenciadas pelo Metodismo, Pietismo e o puritanismo. O metodismo teve um papel crucial para a formação do pentecostalismo. A busca pela perfeição cristã ou o anseio pela inteira santificação foram enfatizadas e ensinadas por John Wesley, ensinamento estes que, posteriormente, passariam a fazer parte do pentecostalismo (ROMEIRO, 2005). Segundo Donald W. Dayton, professor de Teologia e Ética no Northern Baptist Theological Seminary, Drew University e Azusa Pacific Seminary, escreveu:
“O Pietismo pode ser considerado como uma das mais importantes fontes que contribuíram para o surgimento da doutrina da cura divina. E possivelmente ser também a força que formatou o pensamento de Wesley sobre tal doutrina. O realismo bíblico do Pietismo e sua orientação pastoral, combinado com a crença na continuidade dos milagres, acabou de produzir uma doutrina da cura mediante a oração e a fé” (DAYTON, 1987, p. 201).1
A Segunda Onda Pentecostal
Até o ano de 1950, os pentecostais não chamavam muito atenção apesar de sua extraordinária expansão. Por mais de quarenta anos, a Congregação Cristã e a Assembleia de Deus se destacaram como as principais protagonistas no movimento pentecostal brasileiro. Então surge “a segunda onda pentecostal”, também conhecido de Pentecostalismo de Cura Dívida (MENDONÇA, 1989), que durou entre 1950 a 1970, com ênfase exagerada na cura divina e na expulsão de demônios. As principais denominações que representam seu surgimento, são: a Igreja do Evangelho Quadrangular, O Brasil da Para Cristo, Deus é Amor, entre outras. Essas igrejas também se destacaram em seus métodos inovadores de evangelização, com uso de rádios, cinemas, teatros, tendas e concentrações em estádios de futebol.
A Terceira Onda Pentecostal
No início do ano de 1970 começa “a terceira onda pentecostal”, mais conhecido como Neopentecostalismo. Esse movimento surge com características bastante controversas, completamente desassociado dos aspectos do pentecostalismo clássico, a ênfase passa a ser batalha espiritual e a famigerada teologia da prosperidade.
Alguns estudiosos do movimento pentecostal acreditam que não se trata de um Neopentecostalismo, mas de um Pós-Pentecostalismo, por entenderem que esse movimento causa uma ruptura total e radical com os elementos que o identificava com seus antecessores – o Protestantismo e o Pentecostalismo Clássico. Os principais aspectos que mostram essa ruptura é o sincretismo religioso, a perca do apreço pelas Sagradas Escrituras, o abandono dos sinais externo de santidade, a apelação ao consumismo e a perda do interesse pelo Espírito Santo como agente cessionário do Batismo com o Espírito Santo.
As principais representantes desse movimento são: a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Mundial do Poder de Deus, Igreja Apostólica Nascer em Cristo, Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo, entre outras.
Alguns autores, em vez de usar o termo “clássico”, preferem utilizar os termos “tradicional” ou “histórico”. A palavra “clássica” remete a ideia de antiguidade ou pioneirismo histórico. O termo pentecostalismo clássico surge para fazer essa distinção das primeiras igrejas pentecostais do século 20, das igrejas neopentecostais que haviam sido formadas posteriormente.
1 Para uma exposição mais ampla sobre o assunto, consulte: DAYTON, Donald W. Raízes Teológicas do Pentecostalismo. Natal, RN: Carisma, 2018.

Rafael Willison de Souza é especialista em infraestrutura e segurança de redes de computadores, onde atua há mais de 10 anos. Formado em Tecnologia da informação pela Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica e graduado em Tecnologia em Redes de Computadores pela Universidade Estácio de Sá. É casado com a contadora Thais e pai da Luísa, criador e editor do website Chamado ao Evangelho, diácono e professor de Escola Bíblica Dominical.
Uma resposta
O metodismo teve um papel crucial para a formação do pentecostalismo. A busca pela perfeição cristã ou o anseio pela inteira santificação foram enfatizadas e ensinadas por John Wesley, ensinamento estes que, posteriormente, passariam a fazer parte do pentecostalismo.