A igreja de Deus tem sido atacada com fúria pertinaz e, isso, desde as mais priscas eras. Muitas artimanhas têm sido usadas contra ela. Armas de grosso calibre têm sido empregadas para atingi-la e enfraquecê-la. Porém, quero aqui, destacar três ameaças assaz perigosas que conspiram contra a igreja ainda hoje.
Em primeiro lugar, o liberalismo teológico. O liberalismo teológico é filho do Racionalismo. O homem do topo de sua pretensa sabedoria colocou-se como juiz das Escrituras, e pôs sua razão acima da revelação. Passou a rejeitar como verdade tudo aquilo que sua razão não podia explicar. Assim, passaram a negar os milagres. Fizeram uma releitura da Bíblia e passaram a negar sua inerrância e infalibilidade. Trouxeram à baila aquilo que consideraram erros, contradições e impropriedades. Chegaram a ponto de afirmar que a Bíblia estava cheia de mitos e que precisava ser desmitologizada. O liberalismo, negando a inspiração das Escrituras, esvaziaram-na de seu sublime conteúdo. Negando sua origem divina, tiraram dela sua autoridade. Os teólogos liberais viram a Bíblia apenas como um livro comum, sujeito a erros e falhas. Por isso, o liberalismo tornou-se a maior ameaça à igreja. Ao entrar nos seminários teológicos, transformou a cátedra em laboratório de incredulidade e espalhou dali o veneno letal do ceticismo. Das cátedras esse veneno desceu aos púlpitos e dos púlpitos matou as igrejas. Não há antídoto para uma igreja que se capitula ao liberalismo. Onde ele chega, a igreja adoece e morre. Como a teologia é mãe da ética, onde o liberalismo avança, a ética cristã recua. Precisamos vigiar para que esse perigo tão devastador não nos fira de morte. É mister manter a sã doutrina!
Em segundo lugar, o sincretismo religioso. Se o liberalismo teológico tira das Escrituras o que nelas estão, o sincretismo religioso acrescenta a elas o que não se pode a elas adicionar. A Bíblia tem um capa ulterior. O cânon das Escrituras está completo. As revelações cessaram. Não podemos buscar novidades forâneas às Escrituras, mas devemos a elas nos apegar. Não podemos nos desviar nem para a direita nem para a esquerda. É um insulto à Palavra de Deus introduzir novidades na pregação. É um sinal de clara apostasia as pessoas buscarem gurus espirituais para receberam deles novas revelações. É uma abominação para Deus criar rituais e cerimônias e introduzi-las no culto, como se Deus já não tivesse prescrito a forma como deve ser adorado. Hoje, multiplicam-se os falsos profetas, com falsos ensinos, realizando falsas cerimônias, com falsos rituais, enganando os incautos, mercadejando, assim, a Palavra de Deus. Esses aventureiros da fé, pervertem o evangelho, transtornam a igreja, fazendo dela uma empresa, do púlpito um balcão, do templo uma praça de negócios e dos crentes consumidores. O vetor que move esses atravessadores da fé é o lucro. São lobos vestidos com peles de ovelhas. São falsos pastores que exploram o rebanho em vez de apascentá-lo. Devemos nos acautelar para que essa ameaça tão devastadora não atinja a igreja!
Em terceiro lugar, a ortodoxia morta. A ortodoxia é a doutrina certa e a doutrina certa é boa, necessária e insubstituível. Entretanto, a ortodoxia precisa vir acompanhada de vida piedosa. Não basta crer na verdade, é preciso viver a verdade. Não basta subscrever as doutrinas certas, é preciso deleitar-se nelas. Não basta ter luz na cabeça, é preciso ter fogo no coração. A ortodoxia morta é aquela que está desidratada e ossificada e, por isso, leva seus seguidores a perderem o entusiasmo. As pessoas professam conhecer a Deus, mas o negam com sua vida. São ortodoxas de cabeça, mas hereges de conduta. Há muitos crentes que detectam, com facilidade, a heresia nos outros, mas não enxergam a apatia espiritual em si mesmos. Como a igreja de Éfeso, defendem a sã doutrina, perseveram no sofrimento e até erguem o estandarte da ética cristã, mas já não desfrutam mais da alegria indizível e cheia de glória da comunhão com o seu Salvador. Muitas igrejas já abandonaram o seu primeiro amor. Colocaram a vida cristã no piloto automático e tudo passa a acontecer de forma mecânica e sem vigor. Essas pessoas não têm mais fervor. Não têm mais entusiasmo com as coisas de Deus. Oh, que Deus nos livre da ortodoxia morta! Que o nosso coração possa arder de amor por aquele que, sendo Deus se fez homem, sendo santo se fez pecado, para morrer por nós e nos dar vida plena, maiúscula, superlativa e eterna.
By: Hernandes Dias Lopes
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